Igreja do Rosário

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Denominação: Igreja de Nossa Senhora do Rosário

Localização: Rua do Rosário, Centro, Vitória.

Proteção Legal: Resolução n° 24/1946 do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Inscrição no Livro do Tombo Histórico, n° 241-A, à folha 40.

No Brasil, a devoção a Nossa Senhora do Rosário é escolhida pelos escravos em data anterior a 1640, ano em que elegem a santa como sua protetora e, para melhor se confraternizarem, formam a Confraria ou Irmandade com seu nome na Igreja de São Sebastião do Rio de Janeiro. Em Vitória, a data da fundação da Irmandade do Rosário dos Pretos não é conhecida, mas sua existência é anterior ao ano de 1765, pois em 23 de julho, por doação do capitão Felipe Gonçalves, sua filha Bernardina de Oliveira e seu genro, o alferes Inácio Fernandes Rebelo, a congregação recebe”… duzentos e vinte palmos em quadro, para neles fazer a mesma Irmandade uma igreja à dita Senhora, sua sacristia e o mais que necessário, com a condição, porém, que o juiz, irmãos e mordomos que presentes são como outros que lhe sucederem no ano vindouro serão obrigados a dar início à obra da dita igreja dentro de dois anos e meio, contanto que seja logo principiada de pedra e cal….”

Iniciada nesse dia, a construção da capela foi impulsionada por provisão do Bispado da Bahia em favor da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, datada de 14 de setembro do mesmo ano. Como prescrito pelo documento doador, após dois anos e meio a mesa diretora da Irmandade, contando com a mão-de-obra de escravos e negros libertos, conclui a obra. Dá-se inicio, então, a um período de encontros e realizações, festas e procissões, sempre guiadas pelo fervor devocional à santa.

No entanto, não satisfeitos com a veneração mariana, os escravos congregados do Rosário ampliam sua devoção religiosa adotando, para prestar culto, a São Benedito, o santo negro. No Espírito Santo, esta devoção, estava manifesta na existência de uma irmandade em sua honra e presente em sua imagem posicionada em um dos altares laterais do convento de São Francisco.

Na Igreja do Rosário, o santo negro terá morada após sua retirada do altar do Convento de São Francisco, ato seguido de audaciosa fuga pelas ruas da pequena vila, até sua chegada ao Largo da Conceição onde, ao som dos sinos da capela, foi acolhido em festa por irmãos rosarianos. Era 23 de setembro do ano de 1833, data significativa para as duas irmandades, do Convento e do Rosário, que passam a se rivalizar em eventos de múltiplas dimensões.

No âmbito da devoção, a solução encontrada foi dividir o ano: de primeiro de janeiro ao dia de Corpus Christi, a vara ficava com os caramurus, como passaram a ser chamados os irmãos de São Francisco, e do dia seguinte até o final do ano, a vara ficava com os peroás, denominação dos irmãos do Rosário. É assim que, antes de passar a vara, a Irmandade de São Benedito do Rosário realiza sua procissão a cada 27 de dezembro, dia em que, após percorrer as ruas do Centro de Vitória, sobre andor fervorosamente carregado, São Benedito entra na Catedral Metropolitana.

Responsáveis pela condução da vida espiritual, as irmandades também se dedicavam a incentivar a organização social de congregados e moradores da cidade. No auge de sua atuação, especialmente durante todo o século XIX, as irmandades tinham suas bandas compostas por músicos dignamente uniformizados. A Filarmônica Rosariense, ou simplesmente Banda de Música Rosariense, tinha local de ensaio à rua do Piolho, atual rua Treze de Maio, e músicos componentes de prestígio junto às camadas mais populares da cidade. A irmandade foi tão importante que chegou a ter sede própria, uma pequena edificação construída com frente voltada para o adro da Igreja, onde foram inscritas as iniciais V.S.B., as mesmas modeladas em ferro e fixadas nas janelas do frontispício.

Erguida sobre uma encosta, à época denominada Pernambuco, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos tem seu frontispício erguido à frente de um pequeno adro, no topo de uma extensa escadaria dividia em dois lanços e margeada por colunas toscanas.

Em consonância com a ampliação de seus fiéis e a importância de suas atividades junto à sociedade da época, aos poucos a capela é ampliada. Inicialmente uma igreja com nave e capela-mor – dois nichos existentes em cada uma de suas paredes marcam as antigas janelas -, edificada em pedra argamassada com cal de conchas e óleo de baleia, no final do século XVIII o Rosário ganhou a torre do sino, enquanto sua fachada e seu interior eram enfeitados com desenhos em relevo pintado na argamassa de estuque. A grande ampliação, contudo, ocorreu no final do século XIX, com a expansão da capela-mor e da sacristia, e com a incorporação do corredor lateral dos ossários. A torre foi então integrada ao prédio. Além disso, foram erguidas paredes de tijolos sobre os muros de pedra, os telhados elevados e prolongados para a construção de um segundo pavimento, e as salas divididas com paredes de pau-a-pique.

Texto adaptado de:
Almeida. Renata Hermanny. Patrimônio Cultural do Espírito Santo – arquitetura. Vitória, Secult/CEC, p.469.2009.

Onde fica

Rua do Rosário, Cidade Alta – Centro – Ver no mapa.
Telefone: (27) 3235-7444

* Visitas monitoradas e gratuitas, de  quarta a domingo, inclusive feriados, das 13 às 17 horas